Ar-condicionado e refrigerador que gastam muito vão sair do mercado Aparelhos de ar condicionado, refrigeradores e congeladores que consomem muita energia vão sair do mercado. O Ministério de Minas e Energia (MME) colocou em consulta pública um conjunto de regras e metas estabelecendo novos níveis de eficiência energética desses equipamentos. A proposta é suspender a produção, importação e venda dos produtos menos eficientes de forma escalonada. O ajuste está em linha com a Política de Eficiência Energética da pasta. E foca nos produtos vistos como vilões na conta de luz. No ano passado, o consumo de energia elétrica das residências no país bateu 29% do consumo total. Aparelhos de ar condicionado, refrigeradores e congeladores equivaleram a 60% dessa fatia, segundo o MME. — A penetração do ar-condicionado nos lares do país mudou muito nos últimos dez anos, tendo agora um peso muito grande no consumo. Investir em eficiência energética é a política menos custosa para enfrentar o desafio deste momento de escassez de água e quase racionamento de energia — destaca Luciano Losekann, professor da Faculdade de Economia da UFF. EFEITO DE MÉDIO A LONGO PRAZO Na prática, no caso dos condicionadores de ar de janela ou split, as metas propostas vão tirar do mercado os aparelhos que atualmente se encaixam nas classes C e D, as duas últimas, em duas etapas consecutivas, segundo a classificação da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia do Inmetro. Com isso, o ar-condicionado do tipo janela terá, numa primeira etapa, que ter um coeficiente de eficiência energética maior ou igual a 2,48, atual corte para a classe C. Para os equipamentos do tipo split, o coeficiente será de 2,81. Após a publicação da nova norma, a fabricação e importação desses equipamentos será suspensa em seis meses; a venda por fabricantes e importadores, em 12 meses; e a venda no comércio, em 18 meses. A segunda etapa aperta ainda mais a exigência de eficiência mínima. No caso dos condicionadores de ar de janela, sobe para maior ou igual a 2,65, equivalente a atual classe B da etiqueta do Inmetro; no caso dos splits, para 3,02. Os prazos para encerrar produção, venda por fabricantes e venda pelo comércio, contudo, são maiores do que na primeira etapa: 12, 18 e 24 meses, respectivamente. — A Lei de Eficiência Energética se propunha a fechar um limite mínimo para a etiqueta do Inmetro. A classe E, para condicionadores de ar, já saiu de produção. Não significa que, agora, após nova revisão dos níveis exigidos, as categorias C e D deixarão de existir. Será preciso rediscutir a dispersão dos produtos em novas faixas A, B, C e D, adequando a classificação ao novo patamar. Ou, talvez, passar a trabalhar com uma linha de corte com base na eficiência exigida — destaca Leonardo Rocha, pesquisador tecnologista do Inmetro. MUDANÇA ESCALONADA A proposta do MME para os refrigeradores e congeladores é similar, propondo a retirada do mercado dos aparelhos que hoje se encaixam nas classes D e E da etiqueta do Inmetro. — A consulta é para tornar os critérios de eficiência energética mais rígidos, endereçando essa questão para a indústria. Faz sentido tirar o que consome mais energia do mercado. Mas é feito de forma escalonada, porque exige também investimento nas fábricas. E, num momento de economia em crise, é difícil obrigar o investimento — observa Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ. Luiz Pinguelli Rosa, professor de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, destaca que a ação é importante, mas tem efeito apenas em longo prazo: — A solução para o setor de energia é reduzir o consumo. E também investir em eficiência energética, mas o efeito em programas como esse é de médio a longo prazo. Os aparelhos que consomem mais energia já estão instalados e funcionando. Para Rocha, do Inmetro, ter os aparelhos em operação atualmente não invalida a proposta, que está em consulta até o dia 27: — Todos esses aparelhos têm uma vida útil e, em alguns anos, serão substituídos. Mesmo considerando que, ao trocar seu refrigerador menos eficiente por outro mais eficiente, uma pessoa doe o antigo para alguém, quem recebe também fará o mesmo. É um processo em cadeia. Fonte: O Globo |
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
Vilões da conta de luz na mira do governo
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